Thursday, March 30, 2006

Acontecimentos

Quebraram irregularmente o sigilo bancário do caseiro Francenildo, o que acabou ocasionando a mudança de Ministro da Fazenda, saiu Palocci e entra Mantega, foi lido o relatório da CPMI dos Correios, que incriminou todo mundo e, como se isso fosse possível, ao mesmo tempo, ninguém - pois que ninguém acredita que vá sobrar alguma coisa para alguém nesse paraíso da impunidade -, nosso astronauta foi para o espaço com a sua passagem de 20 milhões de dólares, a baiana Mara ganhou o BBB6, o famoso Picolé de Chuchu é o candidato do PSDB à presidência da república, Garotinho conseguiu fazer mais uma molecagem, derrubando Rigotto e se tornando o candidato à presidência pelo PMDB - ninguém sabe até quando - com a metade dos votos e uma matemática muito da malandra.

E tudo isso aconteceu nesses dez dias, desde o meu último post nesse Bandeide, em que eu falava que o PT se defendia das acusações dizendo que os outros "faziam a mesma coisa". Hoje ouvi a notícia de que o tal de Paulo Okamoto está fugindo dos oficiais de justiça que tentam intimá-lo, partindo-se do conhecido princípio de "quem não deve, não teme", esse é um bom indício de como deve andar a consciência do homem que paga todas as contas do presidente porque é bonzinho.

Escrevi num outro blog sobre a impossibilidade de esperar-se que petistas admitam seus erros, não é do feitio, nem da educação de suas hostes. Eles preferem a tática de que todos fazem a "mesma coisa". Do ponto de vista ético, significa o mesmo que matar alguém e dizer que os presídios estão cheios de gente que fizeram a "mesma coisa". Sabe quando vão se emendar desse jeito?

Monday, March 20, 2006

A tese da mesma coisa

Vale como argumento de defesa a tese de que "os outros também faziam a mesma coisa"? Eu grifei esse mesma coisa porque contido nele estão todos os defeitos seculares, todas as irregularidades que as nossas administrações públicas sempre cometem contra o povo.

Esse "mesma coisa" é um ente podre, em cujo teor se encontra a corrupção, vários crimes, o desrespeito às normas mais elementares da constituição do país, a falta de ética, a mentira aplicada descaradamente no povo, o uso da máquina estatal em proveito próprio, etc.

Para os que estão no poder esse mesma coisa (que equivale a "farinha do mesmo saco") já é considerado um grande argumento de defesa. Ficam contentes nossos governistas quando se defendem ao abrigo da tese da mesma coisa. Aqueles que há alguns anos propugnavam que eram diferentes, que eram os únicos honestos, hoje se satisfazem em ser apenas a "mesma coisa".

Fica difícil pedir voto, propugnar uma reeleição baseada nessa mesma coisa. Qual a vantagem de votar em alguém que propõe a ser "farinha do mesmo saco"? Agora mesmo, quando da quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro da "casa dos malvados e das malvadezas - da casa dos mesmas coisas", alguns disseram que outros também havia feito o mesmo, a mesma coisa.

E não foi só com este caso, mas com tudo, com o uso do caixa dois no partido, com o desvio da verba das estatais, com a interferência nos fundos de pensão, com a verba da publicidade governamental, com o uso do aparelho estatal em proveito partidário, com o empreguismo para a cumpanheirada, empregos para filhos e familiares, tudo a sempre a mesma coisa.

Se a intenção é fazer a mesma coisa, eu sugiro que abandonem a política e vão fazer outra coisa na vida...

Monday, March 13, 2006

Que cada um pague a sua conta.

Eu escrevi no outro blog que não preciso mais agir com o que eu chamo de "cinismo da boa convivência". Vocês sabem o que é isso? É o que impede as pessoas de serem 100% honestas, de dizerem o que pensam. Assim, o empregado não pode falar do patrão, o amado não pode falar da amada, o comum mortal não pode falar da autoridade. Todos mentem, aquelas mentirinhas da omissão, a insenceridade necessária a boa convivência.

A mulher chega e te pergunta: - Amor, eu tô mais gorda? E agora? O que você vai responder pra a baleia? Vais dizer a verdade? Se disser a verdade, a baleia vaia virar a cara, não vai falar mais contigo, não vai te dar mais - o que pode até ser um favor! Você tem que resolver, ou ser sincero e enfrentar o mamute, ou aplicar a mentira, o "cinismo da boa convivência".

Esse é só um exemplo, existem centenas de outros exemplos semelhantes. Eu disse no outro blog que já superei essa fase, não tenho mais esse ônus, já paguei o ônus e agora o que vier é bonus. Teve um amigo que fez um comentário meio desaforado, eu sei, é difícil ouvir isso, dá dor de cotovêlo, saber que alguém não precisa mais enfrentar esse tipo de coisa dói. Principalmente quando a gente ainda precisa enfrentar.

Antes da inveja, meu amigo, saiba que eu já paguei a minha conta; feliz ou infelizmente essas contas são pessoais e intransferíveis, assim sendo, que cada um pague a sua. Um abraço e até mais.

Sunday, March 05, 2006

Volta e meia!

A gente, ou eu nesse caso, não é mesmo cara-pálida?, uso a palavra com muita liberalidade, amigo, volta e meia estou chamando de meu amigo alguém que conheço fazem apenas cinco minutos. Um mero vocativo? Um hábito, uma maneira de nomear as pessoas? Um desprestígio com a figura dos amigos? Não, nada tão grave, talvez seja só o vocativo mesmo. Feita esta desnecessária digressão com os meus maus hábitos vocacionais, devo dizer que o objetivo deste post é falar mal dos chamados "espaços vips".

Agora mesmo, no carnaval, e antes um pouco, nos shows das grandes bandas de rock, se viu mais uma vez a proliferação dessas malditas pragas elitistas. Deixa eu colocar algumas coisas antes que você me cruxifique! Sei que é necessário um espaço para que as celebridades possam acompanhar os eventos, questão de bom senso, não dá para querer que eles se misturem no meio da massa. Do jeito que a massa caça os seus ídolos - outra asneira! - sei que é necessário separá-los da massa ignara.

Bom, então voltamos a estaca zero, sem solução, dirão vocês. Não, não necessariamente, se a existência de um espaço adequado se justifica, não é obrigatório uma série de coisas. Vamos aos "que seja", ou aos "que não deveriam ser": que seja no melhor lugar da audiência; que seja gratuito para quem já é abastado; que sejam servidos como se fossem nababos por um séquito de escravos.

Não se pode criar pessoas de primeira e de última classe, essa diferença de tratamento não é justificável. Digo mais, até porque esse conceito de celebridade aqui no Brasil é muito elástico - para dizer pouco! Quantas figuras já foram idolatradas, paparicadas, ensebadas, escovadas e depois se viu que eram uns "171" de primeira classe?

Não gosto de colocar experiências pessoais, mas conto essa. Houve uma época em que eu acompanhava o setor das vídeo-locadoras. Nos congressos, feiras, nos eventos do setor, as grandes produtoras davam a maior atenção a determinado empresário aqui de Porto Alegre. O cara tinha tratamento vip, hospedagem, fazia parte da mesa, etc, vocês sabem como isso funciona. Algum tempo depois o cara deu o maior desfalque em todas as produtoras e desapareceu do mapa.

Enquanto isso, os representantes de centenas de outras empresas - que muitas vezes são as que cumprem com todos os compromissos - permanecem anônimas, são tratadas de qualquer jeito, porque não são "importantes" para o ramo.