Um vez fui classificado como uma espécie de cavaleiro da desesperança por uma leitora, por alguém que comentou um dos meus blogs. Eu entendi perfeitamente a posição da leitora, alguém jovem, que ainda não viveu esse tanto de anos que eu vivi, que ainda não leu esse tanto que já li, que ainda não ouviu esse tanto de promessas que já ouvi, que ainda não se decepcionou esse tanto que eu me decepcionei.
Ela tinha a sua razão, cada um tem direito de viver as suas próprias decepções, sem que alguém antecipe aquilo que ela vai passar, só pela experiência que tem da vida. Soa com dizer a uma criança que somos mortais, que um dia todos nós vamos morrer, o típico caso da verdade dita fora de hora, ou na hora imprópria. Ocorre que, a única diferença é que eu não estava dizendo aquilo especificamente para ela, eu não mirei a criança quando escrevi, mas é difícil - para não dizer que é impossível - saber quem será atingido pelo que se escreve nessa grande rede.
Deveria haver uma maneira de colacar uma espécie de filtro, algo que impedisse o imaturo, ou o não preparado de ler aquilo que não está no seu nível, ao seu alcance. Ainda não temos tecnologia para isso, mas, quem sabe, um dia chegaremos lá, uma espécia de scanner que, examinando o olho de quem está frente ao monitor, só libere o conteúdo que lhe é apropriado.
Só como uma nota, um adendo ao assunto, veja o quanto somos um país "sui generis": agora mesmo, nesse exato momento, o locutor de um noticiário televisivo interrompeu o programa, para dar uma edição extraordinária. Eu logo pensei em alguma coisa grave no país. Não era, era a convocação da seleção de futebol de PORTUGAL!, isso mesmo que você leu, a convocação da seleção de Portugal! Qual outro país faria isso? Interromper um jornal, para dar em edição extraordinária, a leitura da relação dos atletas convocados de Portugal! Definitivamente DeGaulle tinha razão, esse não é um país sério!
Voltando ao assunto anterior, só para concluir, o assunto que irritou a moça que fez o comentário citado, foi que eu escrevi que o Brasil era o País do Futuro do Pretérito, posto que esse futuro prometido há décadas nunca se tornava uma realidade do presente, ia sendo adiado indefinidamente.