Tuesday, May 30, 2006

Palavrórios

Fala-se muito em disciplinar as regras do jogo, fala-se muito em torná-las mais estritas, restritas, transparentes, tudo porque numa competição em que a ética não entra nem como figura decorativa, as regras devem ser mesmo muito rigorosas. Poder-se-ia criar mesmo uma lei sobre isso: quanto mais canalhas forem os contendores, mais rigorosas, menos elásticas devem ser as leis do jogo.

É certo supor que numa competição onde reine a ética, certas normas são até dispensáveis, aquelas que os contendores já trazem do berço. Mas, quando se trata de disciplinar disputas entre canalhas, o bom é se prever a ocorrência de qualquer jogada suja, porque a presunção de que ele possa ocorrer é quase uma certeza. Não basta subtender-se que "enfiar o dedo no olho do adversário" é jogada suja, precisa um dispositivo dizendo isso e a previsão de sanções para quem praticar o ato.

Isso tudo porque ninguém pode dar aquilo que não têm, ninguém pode ter um comportamento ético se não tem uma vida regrada por ela. No nosso caso somos todos culpados, somos todos dominados por essa inclinação pelo mal, e faremos o mal, a não ser que sejamos muito bem controlados, muito bem vigiados. Lembram daquele ditado que diz "a ocasião faz o ladrão"? Para não sermos só tem um jeito: não nos dêem a ocasião!

Wednesday, May 24, 2006

O Segredo

O segredo é escrever pouco e dizer muito: muito! Brincadeira, mas encerra uma verdade. O poder de concisão é uma virtude, uma necessidade nesse mundo em que todos tem pressa: pressa! O tempo urge, pois qualquer um sabe que hoje o tempo passa mais depressa, na outra ponta, a vida é curta: curta!

Uma vida curta exige muita pressa!

Tuesday, May 16, 2006

A esperança

Um vez fui classificado como uma espécie de cavaleiro da desesperança por uma leitora, por alguém que comentou um dos meus blogs. Eu entendi perfeitamente a posição da leitora, alguém jovem, que ainda não viveu esse tanto de anos que eu vivi, que ainda não leu esse tanto que já li, que ainda não ouviu esse tanto de promessas que já ouvi, que ainda não se decepcionou esse tanto que eu me decepcionei.

Ela tinha a sua razão, cada um tem direito de viver as suas próprias decepções, sem que alguém antecipe aquilo que ela vai passar, só pela experiência que tem da vida. Soa com dizer a uma criança que somos mortais, que um dia todos nós vamos morrer, o típico caso da verdade dita fora de hora, ou na hora imprópria. Ocorre que, a única diferença é que eu não estava dizendo aquilo especificamente para ela, eu não mirei a criança quando escrevi, mas é difícil - para não dizer que é impossível - saber quem será atingido pelo que se escreve nessa grande rede.

Deveria haver uma maneira de colacar uma espécie de filtro, algo que impedisse o imaturo, ou o não preparado de ler aquilo que não está no seu nível, ao seu alcance. Ainda não temos tecnologia para isso, mas, quem sabe, um dia chegaremos lá, uma espécia de scanner que, examinando o olho de quem está frente ao monitor, só libere o conteúdo que lhe é apropriado.

Só como uma nota, um adendo ao assunto, veja o quanto somos um país "sui generis": agora mesmo, nesse exato momento, o locutor de um noticiário televisivo interrompeu o programa, para dar uma edição extraordinária. Eu logo pensei em alguma coisa grave no país. Não era, era a convocação da seleção de futebol de PORTUGAL!, isso mesmo que você leu, a convocação da seleção de Portugal! Qual outro país faria isso? Interromper um jornal, para dar em edição extraordinária, a leitura da relação dos atletas convocados de Portugal! Definitivamente DeGaulle tinha razão, esse não é um país sério!

Voltando ao assunto anterior, só para concluir, o assunto que irritou a moça que fez o comentário citado, foi que eu escrevi que o Brasil era o País do Futuro do Pretérito, posto que esse futuro prometido há décadas nunca se tornava uma realidade do presente, ia sendo adiado indefinidamente.

Thursday, May 11, 2006

Sanguessuga.

Não enche - Caetano Veloso
Harpia, aranha
sabedoria de rapina e de enredar, de enredar.
Perua, piranha
minha energia é que mantém você suspensa no ar
Pra rua!, se manda
sai do meu sangue, sanguessuga, que só sabe sugar.
Pirata, malandra
me deixa gozar, me deixa gozar
me deixa gozar, me deixa gozar.


Uma sanguessuga é um anelídeo da sub-classe Hirudinea (também chamados aquetas) que se alimenta de sangue de outros animais (hematófago). São animais hermafroditos, desprovidos de cerdas e que possuem ventosas para sua fixação. São assim chamados por produzirem uma substância anticoagulante denominada hirudina. Existem mais de 300 espécies.

Alimenta-se do sangue das suas vítimas. Pode ingerir uma quantidade de sangue 10 vezes superior ao seu próprio volume. Ao aderir ao corpo do ser vivo de que se alimenta, segrega um anticoagulante que leva o sangue a circular sem estancar. A sanguessuga não é apenas hematófaga, muitas espécies podem ser predadoras alimentando-se de vermes, caramujos e larvas de insetos.

Podem ser encontradas em todo o mundo, geralmente na água doce. Existem também algumas espécies marinhas e outras que vivem na lama. Nas zonas tropicais existem espécies arbóreas que caem sobre as vítimas. Preferem lagos, lagoas, rios calmos de água quente.

Tuesday, May 02, 2006

Sem remédio

Usar como forma de protesto a greve de fome parece um retrocesso numa sociedade que se diz civilizada. A não ser que alguém me convença do contrário, greve de fome tem cheiro de idade média. Imolar-se em prol de uma causa, será esse o sentido de quem inicia uma dieta com finalidade política? A alegação de quem usa desse mecanismo é o reconhecimento da pequenez ante um grande poder, a alegação de Garotinho se situa nessa linha, segundo ele a grande imprensa quer derrubá-lo.

Teríamos que saber quais são as motivações políticas da imprensa para querer derrubá-lo, quais as vantagens ou qual o medo que teria a imprensa de Garotinho. Responder a uma acusação reail sobre a sua conduta com uma greve de fome não parece ser o meio mais eficiente ou o mais apropriado. A medida pode até render votos junto ao seu eleitorado, ou uma silhueta mais esguia, mas não é a forma própria de defesa de uma acusação - justa ou injusta - contra a sua pessoa.

Há que se considerar que ele não é o único a ser acusado, se todos usassem desse mesmo método nós teríamos uma multidão em regimes de fome. O sem remédio do título, refere-se ao próprio candidato garotinho - que sempre está às voltas com alguma polêmica - e ao PMDB, que na minha acepção é só uma ficção, já não existe mais como partido. Como um grande monstrengo que veio do passado, ele sua uma certa inércia para ainda andar, mas por quanto tempo?