Thursday, April 27, 2006

Notícias

Ainda bem que o termo não vem do inglês, "news", pois as notícias de hoje não são o que se pode chamar de novidades. Na Camara dos Deputados, o presidente, com seu estimulante vozeirão, anunciou que a verba de combustível não pode ultrapassar os 30% do total da verba que cada deputado recebe para as despesas. Convenhamos que é pouco rigorismo para combater mais uma das sacanagens dos excelentissímos senhores dePUTAdos federais. O povo já está de saco cheio dos políticos e das suas maracutais, é uma em cima da outra, a canalhice é interminável.

No julgamento da freira assassinada em Anapu, fez-se a justiça, condenando-se o articulador do crime, aquele que negociou o assassinato da irmã, intermediando mandantes e executores. O único senão em tudo isso é essa participação popular nos julgamentos. Essa presença maciça de ongs, de partidos políticos e de movimentos, que funciona como um argumtno de pressão para que "se faça a justiça" não sei se é coisa boa. A mim me parece, sem entrar em nenhum caso específico, que a justiça deve funcionar com isenção de qualquer forma de pressão.

Na Bolívia, o índio cocalero presidente continua aprontando das suas. Agora está expulsando uma metalúrgica brasileira que estava se instalando no país. Independente das razões que possa ter para motivar a atitude tomada, a declaração de que "não há diálogo, a não ser a nacionalização da empresa". A Petrobrás já está pagando os seus pecados. Segue a trajetória chaviana que usa a democracia para acabar com a democracia, encerra bem a doutrina dos vermilhinhos, certos estão os que dizem "nego em nome dos vossos princípios, os princípios que me exigis em nome dos meus".

Thursday, April 20, 2006

Palavras e palavrões

Sempre gostei de merda. Não, não me entendam mal, não da coisa em si, mas do vocábulo, acho que merda tem uma sonoridade especial, poderia até designar uma coisa boa, algo agradável, mas designa, vocês sabem, só caca, só merda. Tem até uma certa inveja dos atores de teatro, eles desejam merda uns aos outros, para dar sorte. Ao contrário senso, sorvete, por exemplo, apesar de ser uma coisa boa, algo agradável a quatro dos sentidos, aos olhos, ao olfato, ao tato e ao paladar, peca no sentido da audição, sorvete tem som de merda, não da palavra merda, que esta tem som, ao sentido da audição, de sorvete. Sorvete soa como aquilo, como o significado literal de merda, merda merda mesmo.

Assim são as palavras, cada uma com a sua característica. Muita gente fala que saudade é uma palavra bonita, não sei, mas sinto mais saudade quando falo em nostalgia. Querem um outro exemplo de palavrão, no mau sentido? Cabedal! Onde já se viu cabedal! Ele tem um grande cabedal. Quem é que pode com isso? Um palavrão desses deveria ser proibido, deveria ser banito do idioma. Pensando bem, acho que vou fazer um movimento para banir cabedal do nosso idioma.

Acho que os palavrões do momento são mensalão e pizza. Eu até concordo que chamar as mutretas armadas por aquela cambada de sacana de pizza é mau gosto; as pizzas, que são tão saborosas, não mereciam esse triste destino, mereciam melhor sorte. Como diz um grupo de amigo, porque não "buchada de bode"? Combinava mais com essa turma, não acham?

Monday, April 17, 2006

Acordos tácitos

Acordos tácitos - do Lat.tacitu, calado; adj., silencioso; calado; taciturno; secreto; subentendido; implícito. Será esse o nome apropriado? - nunca funcionam direito. Eu faço a minha parte e parto do princípio de que o outro lado fará a sua parte, agirá de acordo com a tradição. Isso deveria funcionar, mas a prática tem demonstrado que não é bem assim, que não tem funcionado.

Lembro uma piada dos tempos da Copa do Mundo de Futebol de 1958 ou 1962, que ilustra bem o funcionamento estes acordos tácitos. Vicente Feola era o técnico da seleção e Garrincha o nosso ponteiro direito. Feola explicava para Garrinha como ele deveria fazer, que ele deveria driblar o lateral esquerdo e cruzar a bola para a área, onde Pelé apareceria para fazer os gols. Garrincha responde para Feola: "Seu Feola, por mim tudo bem, mas já combinaram isso com o lateral deles?"

A oposição tentou celebrar vários desses acordos com a nossa população e, até agora, a coisa não funcionou como ela esperava. Apontou o presidente, indicou-o como o mentor intelectual da prática do mensalão, como o responsável por toda essa armação para continuar no poder. Faltava que a população fizesse a sua parte, desse a resposta: exigindo um impeachment do presidente, ou, na pior das hipóteses, respondesse com uma queda violenta dos percentuais de aprovação de Lula nas pesquisas eleitorais. Resultado: nem numa coisa, nem a outra.

Tudo indicava que deveria ser assim, como num jogo com regras estabelecidas, a uma ação determinada deveria corresponder uma reação apropriada, para uma proposição, deveria haver conseqüências; tudo dentro do que mandam as boas regras da lógica acadêmica; mas eles esqueceram de um pequeno detalhe: era um acordo tácito com o povo, que usa regras lógicas estranhas e diferentes, e esqueceram de combinar isso com esse povo.