Lembro uma piada dos tempos da Copa do Mundo de Futebol de 1958 ou 1962, que ilustra bem o funcionamento estes acordos tácitos. Vicente Feola era o técnico da seleção e Garrincha o nosso ponteiro direito. Feola explicava para Garrinha como ele deveria fazer, que ele deveria driblar o lateral esquerdo e cruzar a bola para a área, onde Pelé apareceria para fazer os gols. Garrincha responde para Feola: "Seu Feola, por mim tudo bem, mas já combinaram isso com o lateral deles?"
A oposição tentou celebrar vários desses acordos com a nossa população e, até agora, a coisa não funcionou como ela esperava. Apontou o presidente, indicou-o como o mentor intelectual da prática do mensalão, como o responsável por toda essa armação para continuar no poder. Faltava que a população fizesse a sua parte, desse a resposta: exigindo um impeachment do presidente, ou, na pior das hipóteses, respondesse com uma queda violenta dos percentuais de aprovação de Lula nas pesquisas eleitorais. Resultado: nem numa coisa, nem a outra.
Tudo indicava que deveria ser assim, como num jogo com regras estabelecidas, a uma ação determinada deveria corresponder uma reação apropriada, para uma proposição, deveria haver conseqüências; tudo dentro do que mandam as boas regras da lógica acadêmica; mas eles esqueceram de um pequeno detalhe: era um acordo tácito com o povo, que usa regras lógicas estranhas e diferentes, e esqueceram de combinar isso com esse povo.
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