Sunday, November 26, 2006

Meter tudo numa panela só...

Fica mais fácil para justificar o corte de benefícios colocar tudo numa panela só. A constituição de 88 inventou a mágica, criar benefícios sem os recursos, encheu a sociedade de direitos - justos, ninguém discute o caráter social das medidas - sem ter a competente contrapartida dos recursos.

Eu poderia discorrer aqui uma série de medidas, todas com caráter social comprovado, sem discussão nesse campo. Infelizmente dinheiro não dá em árvore, é bom ser assistencialista, mas quem vai pagar a conta? Aposentadoria para trabalhadores rurais, para os idosos, para perseguidos políticos, assistência médica para todos, o maior programa de combate da aids do mundo. Ninguém vai discutir a justiça dessas medidas.

Agora dizem que a previdência é deficitária, dizem que ela atravanca o crescimento do país, que é um entrave. Previdência é um regime de compensações, que deixou de ser com a dadivosa constituição de 88, poucos pagando para todos, isso não iria funcionar, como não funcionou. Culpam a previdência quando a culpa não é dela.

Expurguem da previdência todas essas condições dadivosas e verão que o sistema não é ruim; que o sistema não é o vilão que apregoam por aí.

Friday, November 17, 2006

Tudo é pessoal, muito pessoal

Não devia, o sentimento é, talvez, indevido. Mas é sentido, dói, deixa triste e faz pensar. A realidade do Brasil de hoje é diferente, como diferentes são os países que convivem aqui, num mesmo chão. Da terra da promissão, ã terra da servidão, passando por todos os níveis de iluminação, de desenvolvimento, de teres e de não teres. Digo indevido pela diversidade, isto é, não dói em todos e, quando dói, a dor tem diversas intensidades, que nem todas dores são iguais.

Foi divulgada uma pesquisa, mais uma, com o número de vítimas da nossa guerra surda, não declarada, dessa batalha intestina, guerra de rua, do bairro, da nossa casa, da casa ao lado. O Iraque admite ter perdido 150.000 civis em três anos e pouco de guerra; número parecido com o que perdemos com a violência aqui na pátria amada do Brasil. Além do mais, somos líderes em jovens suicidas.

Triste legado que estamos deixando para os nossos filhos. Triste ver análises pobres, de quem não pensa, as soluções boas e eficientes, de sempre, mas que nunca são adotadas, postergadas até que morram, mais ciquenta mil nesse país, varonil. A solução é a educação! Genial, mesmo que não seja original. O problema é a má distribuição de renda! E essa então? Quase juro que ninguém ouviu não...

Enquanto isso os verdadeiros motivos são deixados para lá, empurrados para baixo do tapete, que não é bom mexer nessa abelheira. Liberdade só existe com responsabilidade, fácil assim, há pouco, até um congresso de juízes conseguiu descobrir esse verdadeiro ovo de Colombo.

Monday, November 06, 2006

Distâncias

A China fica bem longe daqui. Muito longe. Estamos separados por milhares de quilômetros, por milhares de anos de civilização e por anos-luz de liberdade. Cuba está mais perto - só geograficamente! -, e agora reconhecem "falhas" na organização social na ilha, no paraíso-prisão castrista. O capitalismo é uma merda, eu sei, também. Dificil encontrar um sistema justo, quando se sabe que a injustiça mora dentro do coração dos homens. Crescemos na cobiça, ou morremos de inanição na divisão - obrigatória - do pão. Tristes alternativas.

Não são caminhos, são descaminhos. Vivemos num oito ou oitenta, sem admissão do meio-termo; somos massa ignara, maioria burra, minoria injusta e cruel. Existe um paraíso terrestre aqui e acolá, que aparecem como exceções para confirmar a regra. Vamos nos digladiar durante milênios pela idéia de um ideal que não existe, pela tentativa de achar os remendos que transformem o inferno em paraíso, uma terra menos ruim, e aceitável para todos. Ainda assim, este ideal - irreal - há que ser buscado.

Em eleições, melhor que seja mantendo a democracia, a liberdade sagrada de pensar diferente de qualquer um... China e Cuba estão muito longe daqui, e ainda bem que estão!

Wednesday, November 01, 2006

Brincando com coisa séria

No último post eu apresentava como exemplo de coisa que vai bem nesse país a Bovespa - Bolsa de Valores do Estado de São Paulo. E se as coisa sempre vão bem para o lado da bolsa - para o lado dos investidores - é porque, apesar das bolsas serem consideradas locai onde se jogam com os fatores de riscos normalmente encontrados em economia capitalistas, a nossa é diferente.

A nossa é diferente porque é um sistema montado para só dar lucro ao capitalista, não há meios de se ter prejuízo nesse jogo. Me entenda bem, não estou dizendo que qualquer um do povo, qualquer aventureiro sempre ganhará dinheiro em bolsa, estou dizendo que os grandes investidores sempre ganham dinheiro na bolsa.

No pior dos cenários, inventam-se os riscos sistêmicos, nome que é dado quando os grandes investidores deveriam (ou seguindo as regras do jogo, por ser um mercado de risco, poderiam) perder, mas aí essa cláusula - do risco sistêmico - entra em vigor e você, caro amigo, e eu, o povo todo, pagamos a conta para que não haja prejuízo a essa elite.

E assim tem sido nos últimos anos. Um dia, quem sabe?