Tuesday, February 28, 2006

Trabalho e trabalhos

Dizer que qualquer trabalho é igual é desconhecer a natureza das diversas ocupações. Tem gente que é colocado numa redoma e passa a achar que a vida é aquilo, rapidamente esquece que existe uma "vida real lá fora", onde tudo é mais complicado, onde pequenas preocupações, ausentes de quem vive na redoma, passam a ocupar o dia-a-dia de quem vive "lá fora". Coisas simples com garantir o arroz e o feijão de cada dia, - que não é fornecido pelo governo - o colégio das crianças, a condução, segurança, médico, hospital e remédios, tudo coisas, que aqueles que vivem dentro da redoma, "fora da vida real lá de fora", esquecem que é preciso lutar no dia-a-dia, todos os dias.

Nosso "amado e cada vez mais, sempre mais, querido presidente", declarou que "por ele não tirava mais férias", e que "nem sabe porque as pessoas tiram férias". Talvez porque ele tenha trabalhado pouco tempo na vida, aposentadoria precoce, sabe como é se aposentar com apenas três anos de trabalho não é para qualquer um, dá nisso, pouco trabalho, depois fica dando essa vontade "disgramada" de trabalhar. Mas não é todo mundo que trabalhou pouco assim, viu Sr. Presidente, tem gente, - eu inclusive - que trabalhou em dois empregos, que financiou os estudos, viu Sr. Presidente, que não teve preguiça "disgramada" de ler e se formou em faculdade pagando com o esforço do próprio trabalho. E nunca foi político, viu Sr. Presidente, sempre teve que trabalhar para ter as coisas.

Volta e meia a gente tem que ouvir cada uma, que parece até duas... Contando não acreditam...

Tuesday, February 21, 2006

Provando novas teses

A continuar nesse ritmo, o resultado das CPI's poderá surpreender muitos cidadãos brasileiros, mas não os cidadãos do Rio Grande do Sul, os gaúchos já provaram e sabem que existe crime perfeito. Pela simples razão de que é muito difícil de comprovar judicialmente os desvios cometidos, quando aqueles que cometeram os desvios tomam um série de cuidados.

Certos indícios são veementes, aqui no Rio Grande do Sul, passamos por uma CPI que descobriu doações para a compra da sede de um partido em que nenhuma uma única doação - vou repetir - nem uma única doação sequer - foi efetuada em cheque, todas as doações, independente dos valores doados, fossem altos, médios e pequenos, foram feitas com dinheiro vivo.

Quem acredita na regularidade de algo dessa tipo, doações em que nenhum dos doadores utiliza um cheque em pleno século 21, também tem que obrigatoriamente acreditar no Papai Noel, no Coelhinho da Páscoa, na Fada do Dentre, isso pelo mínimo. Mas, apesar dessa descoberta, a origem do dinheiro, que se supõe que fosse de uma fonte escusa nunca ficou devidamente esclarecida, qual a marca do dinheiro vivo?

Agora com esse mensalão, com milhões de operações bancárias para acobertar as movimentações, com alguns testas de ferro recebendo em nome de outros, com muitos recebendo em dinheiro vivo, apesar de alguma coisa ser provada, onde está a origem de todo esse dinheiro? É claro que foi montada toda uma artimanha para acobertar as tramóias e, embora o governo diga que vai cortar na carne e blá, blá, blá, joga sempre na defesa, tentando impedir que se chegue a qualquer conclusão, isso é mais do óbvio.

É bom mudar de concepção, porque dentro desse padrão de investigação, existe o crime perfeito, e existirão novos crimes perfeitos que teremos de enfrentar.

Saturday, February 18, 2006

Defendendo a canalhice

Acabar com nepotismo é algo tão óbvio como acabar com a corrupção, ninguém pode fazer do público privado, o cuidado com o bem público tem que ser imensamente maior do que o cuidado com o privado. Não há o que discutir nesse ponto. Levantar teses como a confiança, competência, etc, é querer ver consagrado o princípio da canalhice, porque é preciso ser no mínimo canalha para defender algo indefensável, para querer continuar se locupletando com o dinheiro público. E tem alguns que nem ficam com a cara vermelha.

Esse é o nosso problema, nossos homens públicos defendem sem a menor cerimônia o indefensável, não adianta anuir argumentos de que o nepotismo é necessário pela probidade, ou confiança, quando estes são qualificativos inerentes a qualquer funcionário público. Só o parente, só a mulher, só o filho é digno de confiança, o resto é um bando de corruptos, de indignos. O que é isso? Isso lá é defesa que se apresente? As normas, os regimentos, as leis estão aí para serem cumpridos, inclusive aqueles que proíbem o nepotismo! Que nem precisaria de lei para proibir, bastaria ter vergonha na cara para ser evitado.

Como vou confiar num representante que não é meu parente? Partindo do princípio de que quem não é parente não é digno de confiança, nem é probo, então todos os deputados e senadores que atualmente estão me representando no Congresso Nacional não merecem a minha confiança. Não tenho nenhum parente lá, logicamente não posso confiar em ninguém. Viram como tudo é um sofisma? Repito: não há formas de defender o que é indefensável.

É o que nos falta, vergonha na cara, uma mercadoria em constante falta nas instituições brasileiras, na cara dos nossos homens públicos, que advogam uma moral particular, toda própria, diferente da moral do homem comum, que permite tudo, até o imoral ou o amoral. Não faz muito convivemos com um presidente da câmara dos deputados que fazia pouco da nossa inteligência, e, por diminuta inteligência, deixou transparecer a forma como pensam os nossos representantes, e ele serve de paradigma, de modelo.

Mas um dia, quem sabe? Um dia... quem sabe no dia do juízo final?

Wednesday, February 15, 2006

Acertando o passo

Ninguém disse que você não pode ter um blog de sucesso só com textos. O primeiro desafio que você vai ter que enfrentar é da qualidade. Se o único produto que você tem para oferecer é texto, ele tem de ser de muita qualidade. Assuntos interessantes, que prendam a atenção, sem ser chorosos, não sejam fúteis, nem muito sérios, sejam bem humorados, mas sem exageros. Em suma, achar o ponto certo não será tarefa fácil.

Até aí morreu neves, dirão vocês com minha total concordância. Todos sabem que fazer algo de qualidade não é fácil (ou exige um talento inato, para quem textos como esses brotam pelos poros). Infelizmente não é o meu caso, que até consigo fazer alguns textos mais ou menos, mas que quando ficam assim é porque me deram trabalho demais. E eu afirmo que qualidade assim não é muito vantajosa, como quem mede um consumo: é muita gota de suór por linha teclada.

O pessoal mais esperto já descobriu um segredinho dos blogs, e que acerta em cheio no "gosto" dessa geração atual: uma geração que adora ver e detesta ler, ou como diz o nosso amado presidente: "tem uma preguiça desgramada(sic) de ler". Apelar para o visual significa colocar muita imagem bonita nos blogs; ou como diz a minha sogra querida, filme bom é filme "bem colorido"; daí que blog bom é "blog bem colorido". O segredo é fazer um blog bem colorido, com muito vermelho, maravilha, cenoura, amarelo, tons chamativos, quentes.

Porque no caso dos bons textos, não bastará escrevê-los, criá-los, você ainda terá pela frente uma árdua tarefa, que é atrair uma galera disposta a lê-los, e isso, meus amigos, não será tarefa fácil!

Sunday, February 12, 2006

Notícias

São apenas notícias, dizem que gastaram 300 mil reais para mandar colocar um bar no aeropinguço, quer dizer, no Aerolula, mas o ministro Furlan diz que não é um bar, que ele nem bebe há 40 dias. Não sei bem o que isso significa, será que antes desses quarenta dias o trago andava correndo solto? Não afirmo nada, sei lá, de repente me expulsam para algum lugar, sabe como é, já expulsaram até repórter americano por causa dessa história de bêbado e de bebidas. E eu nem bebo!

Por falar no homem, ele anda pela África - como ele adora andar pelo continente africano, não é mesmo? - dizendo que o País está endividado com os africanos. Pelo que eu sei nós não devemos um centavo sequer para os países africanos, eu pelo menos não devo; e nem dou procuração para que ele - ou quem quer que seja - assuma em meu nome dívidas que não contraímos formalmente. Se ele quiser contrair alguma dívida, que o faça em seu nome pessoal (ou vá fazer política com argumentos mais inteligentes!).

Ele tem essas manias, isso não é novidade, ele costuma fazer bondades em nome do povo brasileiro, perdoa dívidas, e andou até doando navios e equipamentos. No dizer popular a gente chama isso de "cumprimentar com o chapéu dos outros". Eu confesso que não conheço a legislação à respeito, mas acho que para certas coisas, nem é questão de legislação, é questão de ter o que se chama de "semancol ou sefragol".

Thursday, February 09, 2006

As revoluções e o desenvolvimento

"A vida dos povos prova a necessidade de repetições que impressionem. Acumulações de ruínas e torrentes de sangue são, por vezes, necessárias para que a alma de uma raça assimile certas verdades experimentais". - Gustave Le Bon, in "As Opiniões e as Crenças"

As reconhecidas e persistentes dificuldades da nação, que atravessa os séculos e não consegue atingir um padrão aceitável de desenvolvimento, só serão superadas por uma ação coletiva resultante da conscientização do povo.

Alguns historiadores e filósofos defendem, a exemplo de Gustave Le Bon - autor do pensamento do primeiro parágrafo - que essa conscientização depende de uma aprendizado advindo da repetição de situações traumáticas que marquem fundo a alma desse povo.

Não é incomum essa idéia de que "sem derramamento de sangue" não há a formação de um caráter nacional que impulsione o desenvolvimento de um país. Certos valores morais, éticos, parecem ser aprendidos com esses infortúnios. "Não vamos mais repetir nossos erros, porque eu perdi meu ..." é a frase que fica marcada nos corações e mentes, contendo no seu final o nome de um ente querido perdido numa batalha qualquer.

É uma maneira terrível de se aprender, pré-histórica e desumana. Dizer-se que o homem precisa da guerra para adquirir certos padrões morais chega às raias do absurdo. Mas, infelizmente, é uma tese que vem se comprovando pelo estudo da história. Como diz Le Bon: "Todas as nações verificam, desde as origens do mundo, que a anarquia termina pela ditadura. Mas dessa eterna lição elas não tiram qualquer proveito".

Quando ocorre, porém, um derramamento de sangue a lição é imediatamente aprendida, e desse ponto em diante nunca mais cometem o mesmo erro.

Thursday, February 02, 2006

Grande Google!

Estava invejando um pouco da juventude bem-sucedida dos dois fundadores do Google, que atualmente estão no Brasil conhecendo o projeto nacional de uma fonte de combustível alternativo ao petróleo a base de metanol.

Estavam em Davos - na Suiça - participando do Forum Econômico Mundial e vieram direto para o Brasil, motivados pela notícia dessa fonte alternativa, que é renovável e muito menos poluidora do que o petróleo, o metanol.

O Google fechou o exercício de 2005 com um lucro bruto de seis e meio bilhão de dólares, nada mal para um projeto que começou há poucos anos sem maiores pretensões. Viram o quanto pode valer o algorítmo certo, na hora certa e no lugar certo?