Saturday, February 18, 2006

Defendendo a canalhice

Acabar com nepotismo é algo tão óbvio como acabar com a corrupção, ninguém pode fazer do público privado, o cuidado com o bem público tem que ser imensamente maior do que o cuidado com o privado. Não há o que discutir nesse ponto. Levantar teses como a confiança, competência, etc, é querer ver consagrado o princípio da canalhice, porque é preciso ser no mínimo canalha para defender algo indefensável, para querer continuar se locupletando com o dinheiro público. E tem alguns que nem ficam com a cara vermelha.

Esse é o nosso problema, nossos homens públicos defendem sem a menor cerimônia o indefensável, não adianta anuir argumentos de que o nepotismo é necessário pela probidade, ou confiança, quando estes são qualificativos inerentes a qualquer funcionário público. Só o parente, só a mulher, só o filho é digno de confiança, o resto é um bando de corruptos, de indignos. O que é isso? Isso lá é defesa que se apresente? As normas, os regimentos, as leis estão aí para serem cumpridos, inclusive aqueles que proíbem o nepotismo! Que nem precisaria de lei para proibir, bastaria ter vergonha na cara para ser evitado.

Como vou confiar num representante que não é meu parente? Partindo do princípio de que quem não é parente não é digno de confiança, nem é probo, então todos os deputados e senadores que atualmente estão me representando no Congresso Nacional não merecem a minha confiança. Não tenho nenhum parente lá, logicamente não posso confiar em ninguém. Viram como tudo é um sofisma? Repito: não há formas de defender o que é indefensável.

É o que nos falta, vergonha na cara, uma mercadoria em constante falta nas instituições brasileiras, na cara dos nossos homens públicos, que advogam uma moral particular, toda própria, diferente da moral do homem comum, que permite tudo, até o imoral ou o amoral. Não faz muito convivemos com um presidente da câmara dos deputados que fazia pouco da nossa inteligência, e, por diminuta inteligência, deixou transparecer a forma como pensam os nossos representantes, e ele serve de paradigma, de modelo.

Mas um dia, quem sabe? Um dia... quem sabe no dia do juízo final?

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