Thursday, November 17, 2005
O Homem Que Sabia Internetês
Internetês: nome da nova línguagem dos membros da internet, que nasceu visando simplicar o processo de digitação dos dados nos teclados dos computadores. Sem que houvesse o ensinamento, a transmissão correta da técnica de digitação - que permite a utilização do teclado com o uso dos dez dedos - , advinda da ancestral datilografia, os usuários passaram a utilizar apenas os dois dedos indicadores para a tarefa. A chamada "geração dos catadores de milho".
A correta acentuação da língua portuguesa exige ainda mais, exige a utilização das teclas de função (ctrl, alt, shift, etc.) em combinação com outras para gerar os caracteres acentuados. O que já difícil - para quem não domina a datilografia - torna-se ainda mais complicado. A solução encontrada para contornar o problema foi a adoção dessa nova linguagem, o internetês.
Devo confessar que sempre me causa estranheza quando me defronto com esses escritos. Não sou um purista, mas não parece ser o nosso idioma. Depois de tantos anos lidando com a net, desenvolvi uma espécie de tolerância para isso, um "vá lá!", embora com algumas exceções: blogs de patricinhas (ou criancinhas?), naquele estilo "fofex", que não tem como se possa suportar; e essas legendas nos filmes (novidade?) do Canal Telecine da Globo Cabo (qual o propósito dessa medida estúpida?)
O internetês (que me lembrou o ótimo conto "Homem Que Sabia Javanês" de Lima Barreto) é essa combinação da simplificação, por redução, dos vocábulos com a substituição, pela linguagem fonética, onde um não vira um "n" ou ainda um "naum". Confira outros exemplos de abreviação/redução/substituição: sim=s, de=d, que=q, também=tb, cadê=kd, tc=teclar, porque=pq, aqui=aki, acho=axo, qualquer=qq, mais ou mas=+ v6=vocês.
Para os menos treinados a linguagem chega a ser hermética, quase hieroglífica: Dx em qnd? Basta adivinhar que "dx" é "de vez", fácil, não é?, daí, "De vez em quando". Dx 1 bj pv6? Deixo um beijo pra vocês (note que dessa vez o dx, em outro contexto, mudou de tradução, fácil e lógico, não é?). Como disse, eu não (ou "eu n", ou "eu naum") gosto, nem desgosto, só aprendi que não resolve resistir a essas novidades. Como sempre, algumas vão morrer, as outras ficarão.
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