Talvez a expressão não seja bem essa, mas funciona assim: você começa a desenvolver uma espécie de piedade com os alimentos, a lembrar do que eles foram no passado, a resgatar a individualidade de cada um deles. Nesse apiedar-se você começa também a perder o apetite.
Você olha o assado maravilhoso de carneiro, a cor de um dourado fantástico, um perfume que recende a ervas finas e raras, hummm... Mas aí você lembra da ovelhinha, coitadinha, toda alva, branquinha, que foi cruelmente imolada em prol desse petisco. Puft... lá se foi o seu apetite.
Quem sabe uma lagosta? Com aquela carne branca e tenra, suave, saborosa, um verdadeiro petisco, um hummmmmm... também! Mas aí você começa a lembrar do animalzinho sendo cozido ainda vivo em uma panela de água fervente, morte cruel e violenta, não há condições de manter o apetite desse jeito, e puft... novamente, sem fome.
E, de petisco em petisco, você vai descobrindo que tudo aquilo que hoje se tranformou na sua comida já foi "um alguém", um ser vivente no passado, até mesmo os vegetais! Quanto mais piedade você tiver, menos comerá e logo você vai emagrecer. É o chamado "regime da piedade". Senão de você mesmo(a), piedade dos outros seres...
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